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Realidade e fantasia: é possível criar um meio termo entre o que desejamos e o que é real?

Essa semana, na primeira terapia do ano, escancarei minhas hipocrisias e contradições sobre o tema amor. Eu sei, ele vem se repetindo por aqui também -- signos podem não ser reais, mas me permitirei a comparação aqui com o touro: eu preciso ruminar algo longamente antes de engolir. É preciso que toda minha mente analise, opine e tente projetar caminhos antes de eu ter certeza do rumo que quero seguir. E foi durante um desses momentos de repetição na terapia, onde eu consigo expor a minha bagunça de forma organizada, que eu cheguei a alguns pontos importantes para ruminar aqui com vocês.

Todos nós crescemos em uma sociedade que embutiu em nós a necessidade de um amor romântico, isso já sabemos. O que nos resta entender é o quanto nós realmente desejamos essa fantasia -- porque talvez seja impossível negá-la por completo. Em um primeiro momento, quando cai nossa ficha desse grande esquema das coisas, nós podemos até tentar sair dessa narrativa e negá-la por inteiro. Mas conforme o tempo passa e a vida toca, você se vê desejando -- ou pior, sentindo falta -- de algo que está no campo da fantasia do amor.

E isso é válido? Sim. Só temos uma vida e, na minha opinião, uma muito curta para não respeitarmos nossos desejos.

Ao mesmo tempo, muito longa para virarmos escravos dos nossos desejos, sem nos importar com as consequências. Porque elas chegam.

Então, qual o caminho? Encontrar um equilíbrio entre a idealização do amor, aquilo que sonhamos em viver, e a realidade do amor, o que ele precisa ser e ter para ser possível. Para que sua vida não seja ocupada por pessoas que não merecem estar ali. Para que você seja feliz.

O que nos leva a pergunta do título: é possível encaixar tudo isso?

Talvez. A possibilidade existe: se há pessoas falando sobre, sentindo essa necessidade, repensando as coisas, então há chances. O problema é: são para todos? É algo que vamos acessar facilmente em uma relação?

Claro que não.

Para encaixar realidade e fantasia, precisamos desmontar o que acreditamos de ambos os lados para montar algo que use peças dos dois lados. Adaptar para que as coisas façam sentido mixadas para, no mínimo, duas pessoas envolvidas. É trabalhoso se fosse feito para apenas um individuo, imagine fazer isso enquanto construção de relação de dois indivíduos. Os dois precisam estar dispostos e mais do que isso, ambos tem que acreditar no que estão fazendo, no plano conversado.

Esse não é, no entanto, um texto totalmente pessimista e contra o amor. Pelo contrário, é um texto para refletir sobre possibilidades. Para pensarmos diferentes todos os dias, remoendo como as coisas podem ser diferentes até que isso seja digerido. E posto no mundo. E nesse processo, nos abrirmos para novas experiências, absorvendo novas perspectivas.

Talvez esse texto também seja sobre ainda ter esperança.

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