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Autoconfiança não era nada que me contaram: a substância fez das migalhas uma farofa

Eu sempre fui uma mulher de personalidade forte e isso fez com que eu parecesse mais confiante do que eu era na realidade. Aos 26, muitas das minhas inseguranças com meu corpo já não são mais um problema -- ou sequer existem. Claro, não é algo 100%, mas cada vez menos meus defeitos me incomodam ou me paralisam de fazer o que eu quero, como eu quero, com quem eu quero.

O que ninguém me contou é que, pra chegar aqui, eu teria que fazer o exercício mais simples do mundo: me tratar com a mesma paciência, educação e gentileza com que eu trato os outros, com todos os defeitos. Para ser sincera, o que considero defeito em mim, nem mesmo considero defeito no outro na maioria das vezes. E quando o Outro deixa de estar em um pedestal, fica muito mais fácil se amar.

Claro, não vou dizer que esse também não é o resultado de me dar menos importância. Usando em um contexto nada religioso, é o velho ditado: se nem Jesus agradou todo mundo, não sou eu, favinho de mel, que tenho que ser perfeita. Jesus liberou esse peso dos meus ombros (embora eu ache que não era o objetivo do ditado).

E não só dar menos importância para meu impacto no outro, como também dar menos espaço para aquela voz filha da puta que vive falando que não sou boa suficiente, bonita o suficiente... O que é o suficiente? Nem ela sabe. E eu vou escutar essa maluca?

Sim. Eu sei que a maluca sou eu. Mas nem sempre eu sou inteligente, bonita, engraçada e sadia mentalmente. Claramente.

Ninguém é sem defeitos e por mais que pareça óbvio, não é. É fácil criar uma narrativa onde "comigo é diferente" ou "o meu caso é pior". Nesse caso releia o terceiro parágrafo. E depois o quarto.

Cada vez que venço uma barreira que eu mesma construí (para me proteger ou esconder), a vida fica um tico mais fácil. Mais leve. Mais gostosa de ser vivida. E num mundo onde as mudanças parecem tão distantes e impossível, que a gente consiga cada vez mais fazer as pazes com nós mesmos para que voltemos a ter desejo por sonhos reais.

Sonhos de real revolução. Mas esse é outro texto...

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