A leveza de não ser um sucesso: aos vencedores, as migalhas
- Ana Silano
- 18 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Correndo o risco de fazer o meu próprio pelo direito de ser feia versão profissional, venho dizer que é preciso repensar o sucesso. O papo menos inovador que você me viu trazer aqui esse ano, eu sei... Mas recentemente, em uma dessas mudanças radicais de vida que tenho, troquei minha trajetória profissional e estou em um novo campo, em um cargo em que não tenho pretensão de crescer - no mais clássico sentido de "construir carreira". E de todos os sentimentos que eu esperava que essa mudança trouxesse, eu não cogitei nenhuma vez o maior deles.
A paz de não estar em uma corrida pelo sucesso.
Normalizamos muitos sentimentos capitalistas da dinâmica de trabalho competitiva, da eterna sensação de que somos substituíveis. Nos acostumamos com a sensação de ter que se tornar importante na sua área ou empresa para não ser descartado com facilidade. Sempre diminuindo nossa vida particular para se expor mais e mais na profissional, porque é assim que se consegue empregos, clientes e pacientes hoje em dia: na internet. Expondo seu suposto conhecimento e maestria. Se tornando um profissional em todas as suas interações com o mundo e anulando cada vez mais suas subjetividades e interesses distintos.
Não sei se é possível construir a vida que eu planejo para mim mesma ficando onde estou ou em trabalhos que me entreguem a mesma paz que sinto agora. Então, me delicio com cada momento de paz que tenho e, por pensar compulsivamente na vida, aproveito a mente leve para refletir sobre as diferenças entre o que vivo hoje e o que já vivi. A origem e os por quês, os contextos e até o que mudou em mim e não no mundo.
Às vezes, é preciso sair do próprio jardim para entender o tamanho real de uma floresta. É possível viver, sobreviver e vencer de outras formas. É preciso ter sucesso de outras formas. E vivenciar isso vem me ajudando a recuperar a esperança em um mundo melhor possível. E você?
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